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Londres 2012 – as Olimpíadas das redes sociais

Por Augusto Antunes

Os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, representaram, mais uma vez, aquilo que o esporte realmente deve ser: superação de limites, amor ao que se faz e respeito às diferenças – de idade, raça ou sexo. Um evento esportivo é, sem dúvida, o cenário ideal para a celebração do ser humano e de suas magníficas capacidades físicas e intelectuais.

Entretanto, nesta edição surgiu algo a mais para intensificar a experiência, independentemente da localização ou do objetivo: o uso oficial das redes sociais como meio de comunicação. Pela primeira vez em uma edição de jogos olímpicos, o Comitê Olímpico Internacional (COI) permitiu aos atletas e a todos que portassem credencial oficial do evento, o uso de redes sociais como o Twitter, o Facebook ou o Youtube. Com a permissão, o COI quis, entre outros motivos, que os atletas, dentro de limites e regras estipulados, ficassem ainda mais próximos dos espectadores das Olimpíadas e de seus fãs.

Outro objetivo das redes sociais durante o evento foi seu uso por parte da organização para fazer comunicados relacionados ao evento. Para isso, o Twitter foi a ferramenta escolhida. Por meio dele eram feitos anúncios relacionados ao uso de transportes públicos em Londres; à proibição e restrição de objetos dentro das dependências físicas oficiais do evento; ou a simples comunicação de resultados das provas que iam sendo disputadas. O Twitter chegou inclusive a ser utilizado pela organização para colorir a roda gigante London Eye: de acordo com o teor positivo, negativo ou neutro dos comentários feitos pelos usuários dessa rede social, a London Eye apresentava cores diferentes que mudavam em tempo real.

Além de ter sido utilizado em grande escala pela organização, este microblog também foi um dos principais canais adotados pelos usuários de mídias sociais no que diz respeito à manifestação de opiniões sobre os mais diversos assuntos relacionados às Olimpíadas. No Twitter, as pessoas se manifestavam positivamente ou negativamente sobre alimentação, transporte público, segurança nos locais oficiais do evento e apoio aos atletas, fato este evidenciado, por exemplo, pelo número recorde de tweets quando ocorreu a final dos 100 metros rasos em que Usain Bolt tornou-se bi-campeão olímpico.

Mais uma vez, verifica-se que as mídias sociais vieram para ficar. Em relação ao turismo, as contribuições feitas pelos usuários podem permitir, por exemplo, a construção de produtos e serviços turísticos cada vez mais de acordo com as suas necessidades de consumo. Mas não se esqueça: para cada rede ou mídia social existe um objetivo específico de uso. Escolha a(s) sua(s) e invista cada vez mais em estabelecer relacionamentos com seus seguidores ou consumidores.

Da arte de degustar a paixão

Por Fernanda Nicz

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(MÚSICA INSPIRADORA! Passione – Thais Gulin)

Primeiro se marcha e o mar se abre ou deve-se esperar o mar se abrir para dar início à caminhada? No primeiro caso, o ser é ativo; no segundo, passivo. O primeiro ousa, assume o comando. O segundo aguarda condições perfeitas (existem?) para começar a se mexer.

Em se tratando de amor ou paixão: primeiro se deixa atrair e a paixão, consequentemente, vem à tona ou deve-se esperar atrair para então se permitir enamorar?

Todas as coisas são criadas duas vezes. As paixões também. A visão é a primeira criação. Dizem que só os heróis sabem suportar a visão. A visão é transformadora. É lá, no olhar, que nasce a atração – dos que se deixam atrair (dos ousados lá do primeiro parágrafo). Depois, o desejo invade a imaginação. E na seqüência, na mente, num primeiro momento, o desejo se concretiza. As coisas se criam dentro do ser para depois, frágil, ou inevitavelmente, se estender ao espaço físico e concretizar-se. Ou não. Mas quase sempre sim. Acredito que se o sentimento é de verdade, sim, vai extrapolar sonhos e invadir a vida real (para alegria – e merecimento – dos ousados lá do primeiro parágrafo). E tudo passa a existir em diferentes formatos. A paixão não vem em câmera lenta, muito menos premeditadamente. Ela simplesmente vem.

Alguns seres não lidam muito bem com a criação das coisas/paixões na visão, imaginação e mente. Atropelam tal fase. Mas continuemos a falar dos que apreciam e se permitem degustá-la. Estes conseguem até mesmo prolongá-la. Conseguem unir visão, imaginação e fatos concretos. Quem se deixa atrair quando menos se espera vive mais leve, pleno. Vive cada momento de paixão como se fosse o último; degustando.

Os que não conseguem entender a arte da verdadeira degustação da paixão fazem questão de jogar: esperam – já que não se permitem deixar atrair – atrair outro ser. Querem sentimentos prometidos, certeza do que está por vir.  São pesados. Freiam. Morrem de medo da leveza. A insustentável, mas necessária leveza do ser. Não acreditam que a paixão pode ser fácil, simples e deliciosa ao mesmo tempo.

Num mundo em que os seres têm tanto medo da perda, existe um excesso de muralhas protetoras contra o mergulho na alma de outro ser. Complemento: num mundo preocupado em se defender, receoso da dor, o permitir-se viver (entregar-se) soa ingênuo. Assustador.

Felizmente há os destemidos. Estes degustarão da paixão. O mundo talvez não os entenda. Nem eles. Mas enquanto o mundo se preocupa em julgá-los, eles, os amantes, que também não sabem ao certo, o quanto se querem ou o que vem depois; ocupam-se em viver. Criam um mundo particular, em que o tempo é coadjuvante, secundário. O que predomina são momentos bonitos e, principalmente, verdadeiros, às vezes, bastante espaçados – duram tempo suficiente para que sintam saudade. Isso é bom, faz parte da degustação da paixão. Eles se querem. São leves, felizes. Não usam códigos ou freios ou frases feitas. Não se preocupam em agradar, naturalmente se agradam. Aproximam-se, como imã. Simplesmente e deliciosamente. E basta.

E mesmo que o tempo leve (separe fisicamente os dois), a paixão continuará a vibrar (na imaginação e na mente), quem sabe, por telepatia, até que certo dia, de presente – por terem marchado mesmo sem o mar se abrir – estarão perto, num mesmo momento. Sim!  As coisas boas e de verdade, – aquelas mais lindas e doces – são de quem ousa marchar sem ter certeza se o mar vai se abrir ou não.  As paixões mais bonitas, sinceras e intensas são presentes àqueles que não têm medo de sorrir e simplesmente dizem sim, eu quero. Eu topo degustar a paixão em todas as suas fases. Simples assim.

Escapadas nos finais de semana

* Por Mila Andrade

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Acordar cedo no sábado e ver o sol nascer tímido pela cidade faz parte de mais um programa de final de semana com aventura e muito contato com a natureza. Chegou a vez de subir o Pico Abrolhos, uma das montanhas do conjunto Marumbi – dentro do Parque Estadual Pico do Marumbi -, unidade de conservação brasileira de proteção integral à natureza localizada nos municípios paranaenses de MorretesPiraquara e Quatro Barras.

Nosso encontro foi na rodoviária de Curitiba. Todos os integrantes do grupo preparados para pegar o trem da Serra Verde Express às 08h15 da manhã e começar a descer a Serra do Mar. Aliás, o passeio de trem é muito rico em história e paisagens maravilhosas. Uma ótima opção para quem gosta de passeios tranqüilos. Em Morretes, é possível saborear o delicioso Barreado, – prato típico da região – e fazer um passeio pelo centro histórico da cidade.

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Mas nosso objetivo era outro, estávamos à procura de mais adrenalina, queríamos subir montanha. Descemos na estação Marumbi, encontramos com nosso condutor e logo fomos recepcionados com as belas paisagens da natureza. O dia estava perfeito: vento gelado no rosto, mas com o sol brilhando. Começamos com os alongamentos e partimos para a caminhada inicial para aquecer o corpo e entrar em sintonia com a natureza. E lá vamos nós rumo ao cume de mais uma montanha. Subir montanha é uma mistura de superação, limites e expansão, pois nos proporciona conhecer melhor os limites do nosso corpo e encontrar o ritmo interno da respiração.

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O pico do Abrolhos, sem dúvida, foi pra mim a montanha que exigiu mais condicionamento físico e energia. A subida requer algumas técnicas, pois em alguns momentos precisamos de força para segurar em correntes e cordas para subir rochas. Lógico que todo esforço é recompensado com as paisagens que temos quando chegamos ao cume. É de tirar o folego a imensidão verde que é a vista lá de cima. Isso já faz valer a pena o final de semana e faz com que nossa energia volte renovada para mais uma semana de rotina.

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Esse programa para o Pico Abrolhos foi realizado no dia 14/07 (sábado) com um grupo da Gondwana Brasil Ecoturismo.  Essas escapadas para montanha tem o objetivo de proporcionar atividades diferentes nos finais de semana, tanto para aqueles que gostam de aventura como para aqueles que querem começar a vivenciar e participar de programas parecidos. E também mostrar que atividades assim podem ser feitas em lugares próximo de Curitiba, sem precisar ir muito longe para ficar em contato com a natureza.                                                                                                                               

*que deseja que essas escapadas sejam realizadas com mais frequência nos finais de semana. 

Final de Semana na Ilha do Mel

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Imaginar uma Ilha com praias belíssimas, trilhas, natureza exuberante e preservada, tranquilidade de caminhos percorridos apenas a pé (carros não são permitidos), silêncio e muita harmonia com a natureza, nos leva a pensar em algum destino no nordeste. De fato, há, por lá, muitas Ilhas com estas características, mas aqui me refiro a um lugar um pouco mais próximo, mais perto, do lado de Curitiba. Ilha do Mel.

A Ilha já ganhou reconhecimento internacional e está muito bem preparada para receber turistas de variados perfis (jovens, casais, famílias). Para chegar até lá, podemos sair de Morretes a bordo do cênico passeio de trem que liga Curitiba a Morretes (o famoso trem Serra Verde Express). Ou chegar em Morretes e ir diretamente de barco rápido até a Ilha a partir de Morretes mesmo, ou ainda ir de carro/van até Paranaguá (1h30 de travessia) ou Pontal do Sul (30min de travessia) para pegar as barcas regulares que fazem a travessia. O trajeto de barco já é um passeio em si. Navegar pela Baía de Paranaguá, em meio ao cenário que nos envolve de montanhas da serra do mar contrastando com as àguas calmas da Baía, também vale o passeio. Isso que nem chegamos ainda ao destino final, a Ilha do Mel.

São duas as comunidades principais da Ilha: Brasília e Encantadas (igualmente belas). Talvez a diferença que mais chame a atenção é que Encantadas ainda conserva a maior parte dos nativos, enquanto Brasília é mais turística. Do lado de Brasília está a Fortaleza e o Farol das Conchas, do lado de Encantadas; a Gruta das Encantadas. Em ambas encontraremos praias de àguas claras, manguezais, areia fina e branca, tranquilidade, silêncio e belíssimos cenários.

Como carros não são permitidos, tudo deve ser feito a pé ou de bicicleta. Os passeios mais comuns são: visita a Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres (1h de caminhada de Brasília), pôr do sol no Farol das Conchas (de onde se pode observar a Ilha das Peças e o Parque Nacional de Superagui), e também a caminhada ou passeio de barco até Encantadas (para os que ficam em Brasília).

Outro passeio belíssimo, é ir de barco até a Ilha das Peças, aonde observamos os golfinhos a bordo de canoas de remo – chamadas também de canoa de um pau só – confeccionadas artesanalmente pela própria comunidade de pescadores da Ilha. Uma experiência inesquecível.

Charmosas e confortáveis pousadas (Treze Luas, Grajagan, Das Meninas e Enseada das Conchas) garantem um excelente café da manhã para começar e um bom descanso no final do dia. A dica para a noite é olhar para o céu estrelado que a Ilha oferece e lembrar que a simplicidade dos pequenos momentos carrega um poder imenso de alegria e felicidade.

Quer ir? A Gondwana tem saída confirmada dias 4 e 5 de Agosto. Veja aqui mais detalhes.

Mudo logo existo

*Por Tatiana Nicz

Maria Lucia acordou sem motivação, era mais um dia para colocar seus pensamentos em ordem e ela não conseguia pensar em mais nada a não ser em mudanças. Em tão curto espaço de tempo sua vida deu uma reviravolta gigantesca.

Dormiu um sono sem sonhos, acordou se sentindo péssima. O corpo todo dolorido, a cabeça girando, não sabia mais que dia era e o que o dia lhe traria. Tudo era distração. Mas, o mais importante: pensar no futuro, planejar, entender, isso ela tentava não fazer, adiava. Pensava apenas em como, num piscar de olhos, tudo poderia mudar… E as coisas mudam. Se não por nossa vontade, por imposição da vida. E somos obrigados a realizar, de fato, alguma mudança.

Em algum lugar, Maria Lucia leu: O homem absurdo é aquele que nunca muda. Auguste Barthélémy.

Ela sabia que nada nessa vida dura para sempre, mas por que então sentia tanto medo das mudanças?

Mudanças, muitas vezes são boas, escolhidas por nós, com preparo, dedicação, apreço e, principalmente, planejamento. Dessa vez ela não havia escolhido, pelo menos não conscientemente. Foram mudanças forçadas por circunstâncias da vida. Mudanças que no começo assustaram, deram frio na barriga, afloraram o sentimento de vulnerabilidade – toda aquela sensação que temos quando vamos de encontro ao desconhecido.

Acordou assustada. Um leque de possibilidades se abria a sua frente, ela tinha medo. Pensou que mais um novo dia se seguia sem saber o que o futuro traria. Sentia um vazio tão grande, de tudo que havia deixado para trás, da porta que se fechava a sua frente. Por que é preciso perder as coisas para dar valor?

Escolher um rumo é tarefa árdua. Ela, muitas vezes, havia estado nesse lugar. Um vazio grande lhe tomava o peito, um medo a paralisava. Era tarde, nada podia fazer. Ela sabia: somos livres para fazer nossas escolhas, mas também somos prisioneiros delas. Foi um caminho que ela traçou. Sabia que era capaz e que tudo que acontecia agora em sua vida era apenas reflexo de suas escolhas.

Um caminho tortuoso a espera pela frente. Não tem volta. Enxugou as lágrimas e lembrou tudo de bom que já viveu, lugares que visitou, pessoas que cruzaram seu caminho. Por um minuto sorriu. Sim, era hora de ter esperança, deixar o medo ir, confiar e ter fé que toda mudança, por mais tortuosa que seja, é movimento, é vida, requer coragem e muita, mas muita, dedicação. Afinal, amanhã será um novo dia e uma nova oportunidade para recomeçar. Mas hoje, só por hoje, ela não queria mais pensar.

Mobilidade e portabilidade: qual o limite?

Por Augusto Antunes *

Lembre-se que as melhores coisas da vida nem sempre estão dentro de uma “caixa”.

Ao analisar atentamente as últimas tendências da tecnologia móvel no Brasil, nota-se um incremento no número de seus usuários. Para tanto, além de políticas governamentais que permitiram a diminuição de impostos e, consequentemente, a diminuição do preço final de comercialização dos eletrônicos, também se verificou uma disputa acirrada por usuários entre as companhias de telefonia móvel.  A soma de todos estes fatores provoca maior oferta de serviços e diminuição de preços dos aparelhos para o consumidor.

Considerando este cenário, percebe-se que um dos principais motivos que leva o consumidor a desejar mais e adquirir mais produtos e serviços móveis é a mobilidade e a portabilidade que possui ao utilizar tais dispositivos. Atualmente estas características são tão importantes que, para alguns usuários, chega a ser mais importante compartilhar – com toda sua rede social -o momento que está a vivenciar do que propriamente curtir e aproveitar tal momento.  O usuário se tornou de tal forma dependente desse imediatismo que é comum, hoje, encontrar pessoas na mesa de um bar que, no lugar de conversarem entre si, estão mais preocupadas em postar fotos e comentar atualizações em redes sociais por meio de seus celulares ou tablets.

Por outro lado, aqueles que dependem dessa mobilidade e portabilidade para desempenhar funções profissionais acabam por saber distinguir melhor entre a utilidade e a necessidade de usar dispositivos móveis. A dependência destas tecnologias para o trabalho provoca mudanças de hábitos e, em muitos casos, provoca ainda o esquecimento de práticas profissionais que antes desses instrumentos eram consideradas fundamentais. Em casos extremos, se retirarem as tecnologias de muitas empresas ou de muitos profissionais liberais, os mesmos entrariam em pânico por não saber mais como agir diante das diversidades.

O fato é que não podemos ficar alheios a toda a evolução tecnológica que ocorre à nossa volta. Além do mais, nosso modelo econômico baseado em premissas capitalistas também não nos permite ignorar essa evolução. Mas para tudo existe um peso e uma medida. Não deixe que a tecnologia te faça dependente de eletrônicos e de meios de comunicação que, na maioria dos casos, foram feitos para uso individual e não coletivo. O uso excessivo pode estar te afastando de coisas que realmente importam na tua vida.

E se você não conseguiu ler este texto do inicio ao fim porque teve de olhar seu email, atender um telefonema ou atualizar seu status na rede social da sua preferência, pare! É hora de se desligar um pouco de tudo isso. Então aproveite, e concilie sua agenda com a Agenda da Gondwana Brasil Ecoturismo. Você encontrará diversas opções para “dar um tempo” das tecnologias e passar mais tempo fazendo o que gosta e com as pessoas que ama.

*  que tenta diariamente estabelecer limites para o uso que faz das tecnologias da informação.

Da vulnerabilidade

Por Fernanda Nicz

 

Enquanto tudo pulsa e flui normalmente no corpo de cada ser, pequenas questões diárias lhes ocupam a mente. Começa cedo. Acordar ou dormir mais um pouco? Onde almoçar, que livro ler, que vinho beber, viajar pra onde? Dizer que ama hoje ou adiar mais um pouco? Mudar de emprego, começar do zero agora ou adiar o desejo? Questões diárias, latejantes, pendentes. Mil coisas na cabeça, idéias em mente.

Mas de repente, questões diárias, latejantes, pendentes, coisas e idéias perdem a força. De repente, o que passa a latejar incessantemente é uma parte do corpo. Uma estranheza física, uma enfermidade que passa a ocupar a mente, dia e noite, constantemente.

O ser se vê vulnerável, frágil, entregue, desprotegido, carente. A dor física desacelera ritmo e rotina. Torna questões urgentes, secundárias. Enfraquece um pouquinho a alma. Faz parar pra pensar. Vulnerabilidade.

Vulnerabilidade: condição de risco em que uma pessoa se encontra. Conjunto de situações e sensações que colocam o ser em condição de carência, impossibilitado de responder com seus próprios recursos a dada demanda que vive e o afeta. Sensibilidade aguçada, fraqueza física.

Algo em que nunca se pensa ou perde-se tempo pensando sobre. O corpo pede atenção. E a concentração do ser muda de direção. Dói, incomoda. A máquina – o corpo – detecta algum problema. Funciona diferente e transforma tudo ao redor. Assusta. E o ser passa a observar mais. Há cautela, cuidado.

Creio que o corpo adoece apenas quando tem algo para comunicar à mente. E enquanto o corpo lateja, deve-se dedicar tempo ao entendimento do recado. Há que se entender utilidade e função da enfermidade. Não há como fugir. Há que se viver dor e desconforto. Faz parte, vem tudo agregado. O corpo suplica, pede um tempo. E, caso ignorado, certamente repetirá tudo brevemente. O corpo tem essa mania: escancara, insiste, até ser ouvido e atendido.

E, fato: a entrega absoluta, hora ou outra, trará à tona, momentos assim. Incomodará o corpo. Força, vontade, gana, intensidade, coragem e liberdade tem seu preço. Quem abraça o mundo com toda a força corre o risco de quebrar algumas costelas. Quem viaja pra muito longe, corre o risco de se perder.

Mesmo no caminho e no lugar certo, provas aparecerão no meio da estrada. Assim que avistá-las, pare. Pondere. Dê tempo ao tempo. E com o tempo, retome a estrada. Talvez com menos agressividade. Sem tanta gula. Com equilíbrio. Olhos atentos, discernimento. Foco. Fé.

A saber: vulnerabilidade sempre vai existir. E como li numa curva da estrada: Ser guerreiro não exige perfeição. Ou vitória. Ou invulnerabilidade. Um guerreiro é vulnerabilidade absoluta. Essa é a única coragem de verdade.

E mais: o que não mata, fortalece.

O que te inspira a viajar?

Por Daniela Meres*

É fato que as pessoas tem os mais diversos motivos e razões para viajar. Desde muito antes de existir um setor econômico estruturado para atender tais desejos e demandas, o ser humano já tinha nas peregrinações e expedições algo em comum com as viagens de hoje. Uma vontade interna de transformar o que está dentro e o que está fora. A busca do novo.
Você sabe exatamente o que te inspira a viajar? Será que são as mesmas coisas que te inspiram no dia a dia, no trabalho, nas suas escolhas? Ou não é nada racional: seu movimento é simplesmente deixar-se levar por uma oportunidade ou para dentro de uma paisagem?
Quem sabe uma viagem de 18 mil km pela América de Sul em seis pessoas com dois fuscas, e ainda dando carona para várias outras pessoas – outras histórias, novos pontos de vistas? Teve uma trupe de aventureiros que fez exatamente isso e você pode se inspirar acessando: Caroneiros | 52′ | De Martina Rupp
Ou ainda, ir sem pressa, como fez o mineiro Argus Caruso. Para cair no mundo, ele escolheu um dos meios de transportes mais lentos: uma bicicleta. A idéia era dar a volta ao mundo bem devagar, com tempo para captar momentos, peculiaridades, sorrisos e cumprimentar as pessoas. Trazer para o projeto Pedalando e Educando, imagens e relatórios que pudessem chegar às crianças das escolas públicas do Brasil, complementando o aprendizado sobre diferentes realidades no mundo. O resultado pode ser conferido no livro Caminhos – Volta ao Mundo de Bicicleta – Autor Argus Caruso Saturnino.
E subir montanhas, fazer travessias em Serras e matas adentro? Essa é uma forte motivação para várias pessoas no mundo. Neste ano de 2012, estamos comemorando 100 anos de montanhismo no Brasil. Há quem diga que aqui no Paraná o montanhismo já acontecia no Conjunto Marumbi desde 1879. Então, nós, paranaenses montanhistas e caminhantes de coração, podemos comemorar os 133 anos de montanhismo no dia 21 de agosto. Quem sabe a Gondwana Brasil não faz uma subida a alguma montanha inspirada em histórias e causos para homenagear todos estes anos de coragem, dedicação, cuidado e amor às nossas montanhas…
Há infinitas inspirações e motivações que nos fazem querer viajar. Citei apenas três, que, de alguma forma, fazem parte das minhas próprias motivações – são viagens e jeitos de descobrir o mundo que me inspiram.
Se você ainda não fez sua lista de inspirações, sugiro que não apenas faça, como coloque em prática. Mesmo parecendo difícil ou impossível, o que importa não é o final, não é o onde eu vou chegar com isso, e sim como eu vou chegar.

*que pretende fazer de cada viagem, uma inspiração.

Das provocações

Da comoção oferecida por cada lugar. Da bagunça que provocam na gente, os que ali vivem. Do adentrar, do permanecer, do partir. Da arte da convivência. De pessoas, lugares e saberes. Da função do educar; libertar.

Assim como há cidades de paisagens (esteticamente belas), há as cidades de gente (humanamente belas). E São Paulo, sem dúvidas, é uma cidade de gente. De contatos, relações. De educadores, de aprendizes.

Estes quase cinco meses que estou por aqui parecem uma eternidade de aprendizado. Desde que cheguei, – em fevereiro – mudei de casa três vezes. Neste tempo convivi com muitas pessoas, muitos egos diferentes. Sinto como se estivesse colocando à prova, o tempo todo, meu conhecimento, minhas crenças. Sinto que a toda hora, minha paciência, tolerância, perseverança e compaixão são testadas. Os milhares de egos que esbarram em mim todos os dias parecem surgir para contribuir com a reconstrução de mim mesma.

Pois sim, a vida impõe desconstrução e reconstrução constantes. Como bem diz Viviane Mosé no livro O Homem que sabe; o princípio da vida é o devir, ou seja, o vir a ser, a transformação, a mudança. Tudo que alguma vez teve propriedade definida experimenta a desintegração destas mesmas propriedades. O mundo nunca começou nem nunca vai acabar. É um eterno vir a ser. Todas as coisas trazem em si mesmas o seu contrário. É do eterno conflito dos contrários que nasce o devir: o dia se torna noite, o quente, frio.

É assim que sinto. Vivo de conflitos de contrários. Observo questões a partir de diferentes perspectivas. Mosé fala disso; da importância de perceber o que cada situação manifesta e o que oculta, onde se desdobra. Pessoas fazem isso com pessoas: estimulam o saber, o querer, o sentir. E no momento seguinte pode acontecer de provocarem exatamente o contrário. Conflito necessário, provocador.

Provocação provocada pela convivência. Convivência que amplia o pensamento e provoca o ir e vir. Depois; o devir, o reconstruir-se. Sinto isso. Sinto a vida potencializar-se. Sinto vida.

Segundo Viviane Mosé, este é o caminho: um pensamento mais amplo, capaz de dar conta de nossa necessidade de querer e de nossa liberdade de sentir.

Mas há o medo e a preguiça. Há os que temem os aborrecimentos que lhes seriam impostos por uma honestidade e uma nudez absolutas (lembro do livro e da peça A Alma Imoral). Por sorte, por aqui, certamente em algum momento estes seres irão esbarrar em artistas. E artistas detestam o andar negligente, com passos contados, modos emprestados e opiniões postiças.

São Paulo oferece artistas. Artistas comovem e convivem. A convivência bagunça alma e sentidos. Cria conflitos internos. Amplia, educa; liberta. “E como pode ser desesperada e desprovida de sentido a vida sem esta libertação!” (Viviane Mosé).

Por fim, mais uma provocação da Viviane que muito tem me inspirado ultimamente: “há no mundo um único caminho sobre o qual ninguém, exceto tu, poderia trilhar. Para onde leva ele? Não perguntes nada, deves apenas seguir este caminho”.