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Respirando Luz!

*por Priscila Forone

Paraty - foto:Priscila Forone

Cinco dias em Paraty, na sexta edição do Paraty em Foco (15 a 19 de setembro),  um evento em que se respira o “desenho com a luz” em todas as formas. Luzes fixadas e recortadas nas mais diversas formas de fotografia: cor, preto e branco, papel fibra, algodão, projeções, lonas, adesivos, pequenas, gigantes, invertidas. E ainda; fotografia falada, discutida, argumentada, amada  ou nem tanto.

Uma janela aberta, entre as tantas belas de Paraty,  permitiu vários novos olhares sobre a fotografia num geral, e sobre a minha fotografia também. Tive a sorte de estar acompanhada de um dos editores do jornal onde trabalho, o que fez crescer ainda mais a discussão sobre a variedade de linguagens e pensamentos sobre a fotografia.

O que mais me chamou atenção no evento foi a grande distância existente entre os diferentes tipos de fotografia. De que maneira um suporte, um equipamento ou técnicas, a grosso modo similares, podem produzir tamanha variedade de formas. Tudo isso passando, obviamente, pelo “filtro” de pensamentos e criatividade de pessoas. E além, depois da criação fotográfica, outros muitos filtros e direcionamentos de reflexão sobre o que foi criado.

A fotografia abriu-se num leque mais amplo, levando a criação para além do filme. Verdadeiras obras de arte – em escultura – são finalizadas com trabalhos fotográficos, em que a obra acontece efetivamente e somente atrás da câmera. A obra de George Rousse, que trabalha com “land art” – termo novo para mim, bastante escutado no festival – é um exemplo (No caso de Rousse o trabalho é de intervenção sobre a cidade)

Um ponto em comum nas diversas palestras/entrevistas foi a questão de que a  fotografia final – que vai para o museu ou para  o jornal – é redutora da experiência toda, completa. A experiência em primeira pessoa nunca vai estar inteira na fotografia. Com tantas reflexões, imaginei o processo da criação fotográfica como uma ampulheta, em que o “clic” é a parte mais estreita. Todo o conhecimento anterior, em forma de grãos de areia, te direciona para fazer aquela imagem, daquela maneira. Depois dela feita, a experiência anterior vai se esvaindo da imagem e uma nova experiência vai surgindo – agora a partir da imagem – e novos conhecimentos e conceitos vão nascendo da imagem pronta.

Enfim, muita coisa para ser pensada e absorvida. Muita areia foi colocada na minha ampulheta e, com certeza, a imagem transformada pelas minhas reflexões não será mais a mesma depois de Paraty. Que essas mudanças possam continuar acontecendo de tempos em tempos, a cada participação em eventos como esse e a cada longa conversa sobre fotografia. Isso é o que nutre a criação fotográfica.

* que está redescobrindo a sua relação com a fotografia 😉