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Essência na montanha

por Priscila Forone*

Quando pensamos em natureza, caminhar na mata, fim de semana fora da cidade, normalmente nos vem à mente verão, sol, calor. Mas por incrível que pareça “alta temporada” não se refere apenas ao dias de férias de verão. Para os montanhistas e adeptos da escalada, o inverno é a melhor época do ano para praticar essas atividades. Como assim!?

Uma caminhada pela mata atlântica, conhecida também como “rainforest”(floresta chuvosa), já nos remete a algo úmido. Porém, o inverno na região da serra do mar é o período do ano em que menos chove. Sendo assim teremos trilhas mais secas,  menos impacto durante as caminhadas, céu geralmente muito azul  com poucas nuvens e muito menos mosquitos! E, sem tanto calor, a caminhada se torna bem mais agradável.

…mas o que me leva a subir uma montanha? Não é possível responder racionalmente, é uma questão de sensações.

Subimos montanhas porque elas “estão lá”. E durante a caminhada é possível entrar em um estado de meditação em que a concentração está direcionada à trilha e ao ambiente a sua volta. A respiração deve se adequar a cada passo. Trabalha-se com equilíbrio, força, observação, desafios e auto convencimento:“Estou cansado, mas sei que posso ir além”. Quando vamos à montanha fazemos uma viagem para dentro de nós mesmos. E melhor ainda, interagimos com que está próximo  de maneira mais aberta, com companheirismo e sem máscaras. É como se voltássemos a um momento tribal,  um deve cuidar do outro para que o grupo possa chegar a salvo no destino.

Numa caminhada na montanha vivenciamos o desapego e deixamos o ego um pouco de lado. Necessidades que acreditamos serem essenciais no dia-a-dia se tornam secundárias. Comer com a mão não tão limpa, sentar no chão, pegar na mão do companheiro de caminhada e pedir ajuda para atravessar um obstáculo, são coisas que não estamos acostumados mais a fazer com naturalidade. E são essas coisas simples que nos remetem à nossa natureza essencial.

Estar nesse meio ambiente  desperta tais instintos e de certa forma nos liberta de conceitos incrustados pela sociedade urbana. Então vem a sensação de liberdade, tão dita por todos quando se fala em “aventura na natureza”. Tal liberdade está sempre latente dentro de nós, e se precisamos estar em um ambiente natural para senti-la de verdade, então vamos lá! Vamos nos permitir ser crianças um pouco , afinal, não é isso que elas fazem com naturalidade?

E depois de todos esses sentimentos de retorno ao que realmente somos e de onde viemos, lá nos primórdios, ainda somos presenteados, ao chegar ao cume, com uma vista maravilhosa de cadeias de montanhas. Nossos olhos vão  até onde alcançam, sem nada interromper o horizonte. E então puxamos um suspiro profundo com ar fresco que nos abre o peito e o coração e não pensamos em mais nada, só sentimos a ponta de êxtase que é estar totalmente livre.

*Priscila Forone buscando as respostas sem antes saber as perguntas…;)