Brasil: um gigante adormecido

Por Tatiana Nicz*

Recentemente estive de férias pela América do Sul, para mim, uma experiência inédita. Sempre tive muita curiosidade por conhecer outros países em nosso continente, mas faltavam oportunidades.

Eu já viajei para lugares distantes, mas conhecia muito pouco o nosso continente. Dessa vez, motivada pelo tipo de viagem e também pela curiosidade de conhecer o atrativo que é a grande alavanca para o turismo receptivo na América do Sul, finalmente consegui tempo e recursos necessários para realizar esse sonho e conhecer a famosa cidadela de Machu Picchu no Peru. Aproveitei para emendar também alguns lugares da Bolívia, Chile e Argentina e durante 25 dias percorri por terra um trajeto de mais de três mil quilômetros sem contar vôos, barcos e afins.

Nessa viagem conheci pessoas de diversas nacionalidades com destinos, trajetos, idades e motivações distintas, todas com o intuito de conhecer Machu Picchu e aproveitar a viagem (literalmente) para conhecer outros lugares na America do Sul. E é impressionante como essas pessoas viajam: algumas vão do Caribe a Patagônia, outras incluem o México, algumas viajam o mundo todo e outras, como eu, fazem viagens mais “curtas”, de um mês.

Por muito tempo distante e esquecida, em meio a conflitos governamentais, ditaduras militares, etc. Não me impressiona que a America do Sul tenha entrado para a lista dos continentes mais visitados e procurados pelos amantes das viagens.

Hoje, é um dos destinos mais procurados no mundo e relativamente barato, onde quase todos os países falam um só idioma, o castellano; que por sua vez é familiar a muita gente. Trata-se de um continente com poucos conflitos governamentais, pouca incidência de catástrofes climáticas, culturas diversas, paisagens de tirar o fôlego, entre tantas outras qualidades.

E é por essas e muitas outras que a America do Sul vem ganhando espaço e atraindo o interesse de milhares de amantes das viagens que não são apenas turistas, mas pessoas que viajam para conhecer, vivenciar, crescer e mudar. E as estatísticas não me deixam mentir, segundo a Organização Mundial do Turismo 2009 não foi um bom ano para a atividade em geral, porém as Américas foram os únicos continentes que mantiveram taxas de crescimento considerável no turismo receptivo. Você, leitor, deve estar se perguntando o que isso tem a ver com o título deste post?

Explico: o que mais me impressionou não foi o fato da America do Sul ter conquistado esse posto – diga-se de passagem, merecidamente – o fato é que dentre tantas pessoas que conheci, menos da metade incluiu em seus planos conhecer o Brasil. Isso me intrigou muito.  Até consigo entender um pouco porque isso acontece: a imagem do Brasil no exterior ainda é muito associada a praias, mulatas e futebol.  Para mudar tal imagem o Ministério do Turismo junto a Embratur têm realizado  árduos trabalhos de comercialização e marketing em feiras e eventos especializados e nós que trabalhamos com isso e acompanhamos essa luta sabemos que não é uma tarefa fácil.

Tudo isso me fez refletir sobre minhas escolhas de viagens e de quanto eu conheço o Brasil. Sim porque não adianta criticar os outros sem antes olhar para dentro. Me fez pensar como o Brasil, o quinto maior país do mundo ainda perde espaço para países como Peru e o vizinho “hermano” Argentina. O Brasil é um gigante que dorme, e nem mesmos os brasileiros conhecem seu próprio país, eu mesma conheço pouco do Brasil, gostaria de conhecer muito mais.

É difícil conhecer o Brasil, mas necessário. Temos que conhecer nossa casa para poder comparar, indicar, criticar, mudar e melhorar. E mal sabem esses turistas o tanto que perdem em não conhecer o Brasil. Há, aqui, uma beleza incomparável, paisagens para todos os gostos e um carisma que é só nosso.

Portanto, fica a dica: dedique um tempinho de suas férias para conhecer um lugar novo, aqui mesmo em nosso país.  Não precisa ir muito longe, pode ser perto da sua casa, essa é uma vantagem que possuímos sem igual, cada pedacinho do Brasil guarda lugares de paisagens inigualáveis, culturas diversas, pessoas sorridentes e carismáticas. Comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade, mas faça e não pare nunca.  Viajar renova a alma e alimenta o coração!

*Por Tatiana Nicz que sonha em conhecer a Amazônia.

Uma resposta

  1. Parabéns Equipe Gondwana pelo novo site e pelo informativo!! Adorei os relatos e reflexões sobre as viagens.

    Sobre a imagem que os estrangeiros têm do Brasil podemos agregar mais um fator que é a violência. Quando morei em Angola, todos me perguntavam como era viver em um país tão inseguro. Quando estive em Moçambique conheci uma francesa que viajou por inúmeros lugares, inclusive a vizinha Argentina. Perguntei por que não foi ao Brasil se estava tão próximo. Ela respondeu: “tenho medo da violência, principalmente física, pois sou mulher e viajo sozinha…”.

    Continuarei acompanhando…

    agosto 19, 2010 às 3:18 pm

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