A democracia da aventura

por Camila Barp*

Do Pantanal (última coluna) seguimos em direção a cidade de Bonito – também no Mato Grosso do Sul – conhecida pelos seus atrativos naturais e pelas práticas sustentáveis de operação desses atrativos.

De Miranda a Bonito são 140 quilômetros e a estrada, ainda  de terra, está em obras para asfaltamento. No caminho paramos para visitar a Boca da Onça, uma propriedade particular localizada no alto da Serra da Bodoquena. Do  ponto mais alto, o passeio começa com um rapel de 90 metros de altura para os mais aventureiros e para os menos aventureiros, é possível trocar a corda por alguns degraus. Da plataforma do rapel, é  possível observar a nascente do Rio Salobra, o mesmo que deságua e banha o Refúgio da Ilha (onde estivemos no Pantanal), mas aqui ele corre livre serpenteando um vale de montanhas verdes e contínuas (e montanhas são uma raridade nessa paisagem).

Caminhadas, banhos de cachoeira e a deliciosa comida caseira são o ponto forte desse passeio,  indicado para quem vem do Pantanal em direção à Bonito (ou vice-versa).

Com as energias recarregadas, seguimos por mais 1h30 até chegar ao destino final – Bonito. A cidade é tranqüila, interiorana e oferece o necessário para uma boa estada: variedade de hotéis,pousadas, restaurantes, bares e um pouco de charme completam o cenário.

A peculiaridade da região deve-se  à formação rochosa calcárea do solo combinada à abundância de água que propiciam a Bonito essa condição especial de águas cristalinas, cavernas, grutas e cachoeiras que impressionam seus visitantes.

Já que  grande parte dos atrativos fica fora da cidade, com distâncias que variam de 20 a 70km, é importante planejar bem os passeios para otimizar o tempo e o custo da viagem. Vale lembrar também que um dos únicos passeios acessíveis de bicicleta,  para não enfrentar grandes distâncias, é o Balneário Municipal e vale a visita.


E definitivamente não deixe de ir  à Gruta do Lago Azul (pela beleza cênica), o Rio da Prata (pela qualidade da visibilidade na flutuação, a diversidade de fauna aquática e o olho d água) e o Abismo Anhumas pela experiência única num lugar tão inóspito (rapel de 72m de altura caverna abaixo para chegar numa plataforma flutuante de onde pode-se fazer mergulho, flutuação e passeio de barco em formações rochosas diferentes de tudo que você provavelmente já viu). Para quem vai ao Rio da Prata, uma visita ao Buraco das Araras é obrigatório para vê-las em seu habitat natural colorindo e enfeitando a paisagem rochosa.


Mas o ponto que quero ressaltar é que o que consolidou Bonito como destino nacional e internacional referência em ecoturismo e aventura no Brasil vai  além das suas belezas naturais. É impressionante  a organização e a qualidade operacional em cada um dos atrativos que visitamos. Centro de visitantes, guias especializados, controle no número de visitantes, sistema de gestão de segurança e ambiental da atividade, além de excelente infra-estrutura para receber os aventureiros fazem com que grande parte dos atrativos   atendam na mesma atividade crianças, jovens e idosos. E não é difícil encontrar famílias em que  avós e netos desfrutam juntos desse momento cada vez mais raro de comunhão com a natureza.

Propiciar esse resgate e descoberta  com sustentabilidade, qualidade e segurança é um exemplo a ser seguido. Caminhamos rumo ao reconhecimento da importância da democracia da aventura.

Já que a aventura tem um significado diferente para cada um, vamos descobrí-lo no contato com a natureza, valorizando a cultura da vida ao ar livre.

Que todos possamos desfrutar desses pequenos prazeres que causam grandes mudanças.

*Camila Barp, que vive tentando descobrir alguma aventura urbana possível…

Agradecimento à agencia ar, pousada arizona e atrativos de bonito.

Roteiros para Bonito no site: http://www.gondwanabrasil.com.br

2 Respostas

  1. danilob

    não vale fazer montagem nas fotos nao..hehehe
    parabens pelo blog!

    agosto 19, 2010 às 10:01 pm

  2. Pingback: Os números de 2010 «

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