Por que viajamos?

Por Tatiana Nicz*

Outro dia, lendo um artigo interessantíssimo, deparei–me com a pergunta: afinal, por que viajamos? Depois, passei um bom tempo refletindo sobre o tema e me deparei com uma ótima frase de Aldous Huxley, algo como: “viajar é descobrir que todo mundo está errado sobre outros países”. Não pude deixar de pensar no itinerário que agora estudo para logo mais viajar de férias: a costa oeste norte-americana.

Explico melhor a escolha da viagem: há algum tempo decidi que ao viajar para o exterior, gostaria de explorar melhor os países com realidades parecidas com a do Brasil. Algo me instiga na bagunça do dia a dia que encontro em países que compartilham da mesma complexidade brasileira de viver “em desenvolvimento”. O caos me faz sentir viva enquanto viajo. Além disso, tais países possuem uma beleza natural de tirar o fôlego e riqueza cultural incomparável.

Quando meu irmão se mudou para os Estados Unidos, eu sabia que não teria escolha: um dia teria de visitá-lo e conhecer melhor sua rotina por lá. Por alguns anos consegui procrastinar esse momento, tentando me manter firme ao propósito acima citado. A decisão do destino norte-americano veio enquanto pensava no porquê de viajar.

Afinal, por que eu viajo? Antes de qualquer coisa, viajo para abrir a mente, para brincar com o tic-tac do relógio e quebrar as barreiras de tempo e espaço. Viajo para aprimorar o autoconhecimento, reinventar-me, pisar em terras novas e me inspirar em estilos de vida e culturas. Conhecer, sentir, viver, explorar, respirar novos ares, enfim, milhões de motivos. Mas o principal motivo, certamente, é a possibilidade de quebrar todo e qualquer “pré-conceito” que eu possa ter sobre o destino escolhido.

Com tudo isso em mente, tomei minha decisão. Afinal, não importa para onde vamos, o importante é ir e ver. Conferir. Viajar para quebrar todo e qualquer rótulo e julgamento que temos sobre os lugares visitados. Assim, resolvi quebrar a resistência a países desenvolvidos.  Bolei um itinerário inovador e aprendi que fazer uma viagem diferente a um destino convencional pode ser enriquecedor. Descobrir cada pedaço que nos interessa em um destino pode ser gratificante. E podemos sim, encontrar a natureza em todos os pedacinhos desse planeta e fazer uma viagem “verde” para qualquer destino do mundo, para tanto, basta abrir mente e a alma.

Farei o que Huxley já sabia há muitas décadas, vou descobrir outro país nos Estados Unidos. Algo diferente do que me contaram e do que vejo na televisão e em filmes. Percorrerei a costa oeste à minha maneira. Vou sentir cheiros e sabores a meu modo. Creio que afinal, viajamos para descobrir quem somos nos lugares que visitamos e esta percepção se mistura com toda nossa bagagem individual. Este é o grande poder transformador da viagem. Sentimentos e aprendizados não são transmitidos por downloads, histórias ou recordações. São pessoais e intransferíveis. E ironicamente, esta é também a primeira coisa que escutamos quando reservamos a passagem que nos leva até lá.

*Por Tatiana Nicz que vai ao ritmo de: “California dreamin´”…

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