Carnaval Imperial

* por Camila Barp

Há anos planejo passar o carnaval no Rio de Janeiro. Por tudo que já vi (reportagens, filmes) e ouvi (a boa MPB de Chico Buarque e seus companheiros) sobre a festa da cidade que já é maravilhosa mesmo sem carnaval. Mas confesso que, ao assistir no jornal as multidões pulando nas ruas, animadas e ensandecidas atrás dos blocos uma semana antes do começo oficial do carnaval, quase hesitei. Ainda bem que não.

Em pleno domingo de carnaval lá estava eu me preparando para a primeira etapa: vencer a Sapucaí até o dia amanhecer. Como em qualquer evento dessa proporção, cheguei bem cedo para garantir um bom lugar na platéia. E de lá só saí às sete horas da manhã, com uma bela imagem do dia nascendo e o Cristo abençoando o Sambódromo logo após o desfile da Mangueira (clássico, e com a melhor bateria da noite).

Por mais que o carnaval da Sapucaí não seja tão democrático como o restante do carnaval no Rio, vale muito assistir, ao menos uma vez na vida. Pela criatividade e beleza que impressionam, e o samba e gingado que eu duvido que outro povo tenha. A animação é contagiante, entra pelos poros. E fica. Como eles mesmos dizem, é o maior show da terra. Agora eu acredito.

Chegar em casa às oito da manhã, ainda muito animada, cheia de energia e cogitando pegar o próximo bloco de rua que começaria as nove, me fez perceber que o carnaval já tinha me contaminado antes mesmo de eu perceber. E, para minha surpresa, quando pensei que já tivesse visto o melhor do carnaval, ao sair para seguir um bloco em Ipanema, me deparei com pessoas caminhando no meio da rua, de manhã, fantasiadas dos mais variados trajes e personagens. Um clima de diversão e curtição tipicamente carnavalesco pulsava nas ruas.

Até me senti careta de estar ali vestida sem graça, com roupas que uso rotineiramente.  Sai então, em busca de algo que me tirasse da caretice diária. Flores, cores, rosas, chapéu, colares. Pronto. A fantasia permitia a diversão que perduraria pelos próximos cinco dias.

Simultaneamente, diversos blocos passam pelas ruas da cidade. Bangalafumenga, Me beija que eu sou cineasta e Vagalume levaram multidões às ruas. Ponto para a organização e civilidade em todos eles.

Os dias parecem parar para os desfiles. A tristeza e a preocupação saem de férias e se instala um sentimento de ‘pura diversão’ fantástico. A vida sem as amarras convencionais do cotidiano. A única regra é se divertir e é proibido proibir. Em tempos de tantos compromissos , agendas e conectividade…poder somente se divertir é um luxo maravilhoso. E altamente recomendável. Além de tudo isso, para quem visita o Rio pela primeira vez, ainda é possível passear pelos pontos turísticos no intervalo dos blocos.

E finalizar o carnaval assistindo Mulheres de Chico (25 batuqueiras tocando puramente Chico Buarque em ritmo de samba) em pleno Leblon, com os pés na areia vendo as ondas quebrarem no background foi de arrepiar…

Eu, se fosse você, já garantiria vaga para o carnaval do próximo ano! Há pouco li o resultado da pesquisa com os turistas que estiveram no Rio para o carnaval de 2011. Não estou sozinha em minha opinião; 97% dos entrevistados afirmaram que voltariam.

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* que queria contar também da viagem que fez para Paraty nesses dias, mas terá que ficar para a próxima coluna!

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